Seja um Turista em sua Cidade

Se existe uma forma prática de preservar o meio ambiente e lograr um turismo sustentável, com certeza pode partir de nós mesmos.      Sab...

Se existe uma forma prática de preservar o meio ambiente e lograr um turismo sustentável, com certeza pode partir de nós mesmos.      Sabemos a pouca capacidade que detém nossos  governantes, por falta de recursos financeiros ou por não saber administrar os mesmos, pela corrupção espalhada em todo âmbito ou simplesmente pela burocracia que impede os bem intencionados, de lograr tomar medidas realmente práticas para dar sustentabilidade ao turismo e proteger o meio ambiente.

O turista é a pessoa indicada para ser a ferramenta fundamental nessa tarefa e um ávido consumidor de paisagens, de sons, de odores; crítico sem preconceitos formados do lugar que visita, ávido no intercambio de informações em uma conversa.
Mas como ser turista em minha própria cidade? A maioria de nós pesquisa nosso próximo destino de férias com meses de antecipação, participa de fórum, blogs e todo tipo de informação disponível na internet. Procure na web, com o mesmo fervor, um destino em sua cidade, na cidade vizinha que não conheça, parques, museus, teatros, lugares históricos, etc. Entre no fórum de sua cidade e veja o que o turista procura, e visite. Posso assegurar com certeza absoluta que tem lugares que você não conhece. Eu conheço cariocas da gema, que jamais subiram ao Cristo Redentor ou foram ao Jardim Botânico, paulistas que jamais entraram no MASP, ou portenhos que passam todo dia em frente ao Teatro Colon em Buenos Aires e jamais tiveram a curiosidade de saber como é por dentro, enfim poderia dar muitos exemplos. Estimule seu apetite de turista na internet e uma vez ao mês seja turista em sua cidade, vá com essa mentalidade, com câmara fotográfica, com as crianças, com seus víveres, etc. Essa sensibilidade de turista, de perceber coisas novas, permitirá a você, quando regresse de seu passeio, confrontá-la com a visão do cidadão. Perceberá defeitos e virtudes que podem ser melhorados. Comente numa roda de amigos ou colegas de trabalho, participe dos fóruns em que turistas procuram informações de sua cidade, você sabe por experiência própria que o boca a boca é a melhor propaganda. Você se beneficiará a curto ou médio prazo e o turista que visita sua cidade também. Esta crítica sem intenção de um lucro direto, bem intencionada, com consciência ambiental e de participação espontânea, é a base de uma fiscalização de uma indústria de turismo que mobiliza bilhões de dólares, que mais cedo ou mais tarde terminará dando a sustentabilidade ao turismo em sua cidade, com a conseqüente distribuição de renda a seus cidadãos.
Basicamente, para a maioria das pessoas, o lixo (basura) disperso no meio ambiente não gera um perigo palpável, apesar de sermos bombardeados constantemente pela mídia gráfica e televisiva, que nos mostram rios cheios de lixo, inundações provocadas por entupimentos, espécies animais ameaçadas, etc. Por quê? Geralmente os fatos que não implicam em um perigo iminente a nossa sobrevivência, são tratados por nosso cérebro com uma dose de menosprezo. Vou tentar me explicar melhor com um exemplo corriqueiro: qualquer um de nós caminhando pela praia ao encontrar um caco de vidro, não duvida em recolher e levar a um lugar onde não ocasione um perigo imediato a nossa espécie ou a outra de estimação que conviva conosco, não pensa se alguém está olhando, o que o outro vai achar, só recolhe. Mas se é um plástico, copo ou coisa por estilo, raramente recolhe, não implica em um risco imediato para sua espécie ou alguma de seu convívio, pensa em que dirão as pessoas que estão em redor, etc. Isso ao meu humilde entender se explica, porque o vidro quebrado representa um perigo desde a época de seus inventores, Egípcios ou Fenícios e nosso cérebro interpreta instantaneamente e atua sem cogitar, o plástico é um perigo novo, que não nos gera dor ou perigo físico iminente. Diferente é para as espécies que não são de nosso convívio, para elas o plástico também é um perigo recente, para seguir com o exemplo anterior, os cérebros de aves marinhas, tartarugas, peixes ou golfinhos não interpretarão como um perigo, por ser jovens demais ou por não terem essa experiência prévia adquirida por instinto de sobrevivência ao largo de séculos e morrerão afogados ou com hemorragias gástricas depois de ter engolido o plástico que deixamos de recolher na praia.
Como poderíamos fazer para que nosso cérebro reconheça a tempo o perigo. Todo mundo é consciente de que com a quantidade de lixo que produzimos, não teremos um milênio para adaptar-nos, como no caso do vidro. É simples de reverter e poderemos começar já. Dê o exemplo, recolha o plástico ou qualquer outro tipo de lixo quando o encontrar e a pessoa que está te vendo, refletirá mais cedo ou mais tarde, que você não é um doido, o cérebro dele relacionará que você estava não só sendo pulcro, mas também evitando um perigo. As crianças, são sempre os melhores alunos, estão em idade de aprender sem preconceitos anteriores, se educamos nossas crianças nesse sentido, sendo otimistas, em duas ou três gerações solucionaríamos o problema.
Esqueça que por mais que todos falem de sustentabilidade e ecologia, se você não se conscientiza e cria hábitos, para convencer a parte límbica de seu cérebro, que não sabe lidar com esses novos perigos, não solucionaremos nada. Não adianta só falar da incompetência dos líderes, em fechar acordos de emissão de poluentes e outras bandeiras ecológicas. A melhor forma de solucionar é começar com nós mesmos.
Uma amiga bióloga marinha, Bruna, sempre vinha em nossas saídas de barco em Búzios com uma caneca (taza) de plástico pendurada em sua mochila, ela não usa copos descartáveis. Você sabe a quantidade de copos descartáveis de plástico que uma cidade como Búzios na alta temporada, com 130.000 pessoas, joga fora por dia? Imagine! Nossa amiga com uma simples caneca de menos de 1 U$S dá um exemplo a ser seguido. Quanto menos plástico estaria em nossas ruas se a gente copiasse essa idéia? Eu lembro que em minha época de escola há uns lustros atrás, a gente levava à escola nossa canequinha, como também me lembro de fazer as compras com uma sacola de mercado não descartável. Quantas sacolas de mercado você joga fora por dia? Quantas sacolas você vê penduradas em árvores, nas cercas dos campos, nas praças, no chão? Esses são perigos que nosso cérebro tem que aprender a reconhecer, compre uma caneca e desfile com ela em suas férias, dê uma a cada um de seus filhos, peça no link que vou fornecer uma sacola para fazer suas compras de supermercado. Se tiver que comprar muita coisa, peça ao supermercado que entregue em sua casa.
Se você vê uma pessoa em Búzios, com mochila nas costas com uma caneca pendurada, máquina fotográfica, talvez seja eu, "um turista em sua cidade". Tomara que não me ache, não porque não queria falar com você leitor, mas porque quero que o exemplo se espalhe e veja vários, nas mesmas condições. Ah! Se é mulher quem leva a mochila com a caneca, talvez seja Bruna.




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